CONSORCIO INTERMUNICIPAL DO MÉDIO RIO DAS CONTAS (CIMURC)

Estudo mostra que Bahia é o estado mais caro para a Previdência Social

 04/03/2013 | ECONOMIA

Após os últimos acidentes de trabalho, envolvendo, só no Carnaval deste ano, a morte de um manobrista de trio elétrico e de um operário em Costa do Sauípe, a Bahia encerra 2012 com o título de estado nordestino mais caro à Previdência.

A informação vem do último Boletim Estatístico divulgado pelo Ministério da Previdência Social, que tem como base os dados colhidos em dezembro de 2012. Dos R$ 58,74 milhões gastos em 78.361 benefícios concedidos aos nordestinos, o estado contribuiu com R$ 15,72 milhões, adquiridos em 20.332 benefícios, ou seja, quase 30% do valor total.

Segundo o professor da USP José Pastore, um dos palestrantes do Seminário de Prevenção de Acidentes de Trabalho, realizado pelo Tribunal Superior do Trabalho, o custo econômico gerado com os acidentes é muito pequeno, quando comparado ao enorme sofrimento causado ao trabalhador e seus familiares.

“Não se trata, apenas, dos problemas de saúde, mas de todos os transtornos pelos quais passamos, quando decidimos lutar pela aposentadoria e nossos demais direitos”, desabafa Gilson Helio de Oliveira, ex-operário do Polo de Camaçari, afastado do trabalho em 1992.

“No total, foram necessários exatos 12 anos, para, além de me aposentar, eu conseguir receber o dinheiro a que tinha direito. Mesmo assim, só recebi 1/5 do que pedi e só porque fiz um acordo no Supremo Tribunal Federal, última instância da Justiça brasileira”, enfatiza Gilson, que, durante os 16 anos de trabalho no Polo, contraiu uma doença irreversível conhecida como esteatose hepática (gordura no fígado).

“E meu caso não é único. Existem milhares iguais. Em ‘Fratura Exposta do Direito’, livro em que narro alguns dos diversos vícios da Justiça, exemplifico o caso de outro colega, que, afastado do Polo em 1990 com mielorradiculite (inflamação na medula), até hoje briga pelos seus direitos. Isso é um absurdo. O Estado não pode fechar os olhos para seus trabalhadores, sua matéria-prima de riqueza. Mais que assegurar uma aposentadoria digna, é preciso investir em políticas voltadas à prevenção de acidentes e assistência às vítimas. Só assim a população poderá trabalhar em paz. Só assim o Brasil poderá crescer e se tornar um país de primeiro mundo”, finaliza Gilson.